”Disse a flor para o pequeno príncipe: é preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas.” (Antoine de Saint-Exupéry)

segunda-feira, 12 de abril de 2010

desencarquilhar



Vivia só. Não sorria, muito pouco saía.
Um dia, numa das raras vezes em que atravessou a fronteira, o viu passando. Não sei dizer se a culpa foi dos olhos acostumados a não enxergar beleza, mas sei que se assustou: o coração virou maracatu. E alguma coisa acendeu dentro da moça que era noite.
O moço não percebeu nada. Às vezes a gente não nota o bem que faz. Ou ele era distraído mesmo. E a moça era só luz; brilhava por ele, para ele e para ela. Um amor que esperou tanto pra nascer, só pode ser de verdade, e amor de verdade é atrapalhado, desastrado: se derrama por todos os lados. Borrifa as pessoas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário