”Disse a flor para o pequeno príncipe: é preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas.” (Antoine de Saint-Exupéry)

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Sapatilha

Quando seus pés calçavam as sapatilhas, não sabia mais do seu nome ou de sua plateia. De olhos fechados e ela era a própria dança - e não mais a dançarina - quem se entregava diante da música e também do silêncio dos seus convidados. Quando lua morena despontava no céu, de doce cabana saia chorosa, com os pés descalços em busca do mar. Era jeito dela de andar em paz com sua solidão. Quando o sol lhe convidava a despertar, era de sapato e coração apertados, que saia de casa para conseguir espaço na própria vida e uma folga das suas dívidas. E de volta pra casa com seu salto fino nas mãos, via então o seu tamanho e seu lugar diante do mundo. Ainda que tantas versões de si pudessem escolher as cores, os preços, os modelos e os tamanhos dos seus sapatos, eram as ocasiões - e também os acasos - quem definiam seus passos. Era o seu coração quem de verdade caminhava, até que resolveu parar, cansado da caminhada.


A Ilha de um Home só