”Disse a flor para o pequeno príncipe: é preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas.” (Antoine de Saint-Exupéry)

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011


"O meu coração, é como se o meu peito mal conseguisse contê-lo. Como se ele não me pertencesse mais. Ele pertence a você. E se você o quisesse, eu não pediria nada em troca. Nem presentes,nem bens, nem demonstrações de devoção. Nada além de saber que você também me ama. Só o seu coração em troca do meu."
                                          Stardust




Para se roubar um coração, é preciso que seja com muita habilidade, tem que ser vagarosamente, disfarçadamente, não se chega com ímpeto,
não se alcança o coração de alguém com pressa.
Tem que se aproximar com meias palavras, suavemente, apoderar-se dele aos poucos, com cuidado.
Não se pode deixar que percebam que ele será roubado, na verdade, teremos que furtá-lo, docemente.
Conquistar um coração de verdade dá trabalho,
requer paciência, é como se fosse tecer uma colcha de retalhos, aplicar uma renda em um vestido, tratar de um jardim, cuidar de uma criança.
É necessário que seja com destreza, com vontade, com encanto, carinho e sinceridade.
Para se conquistar um coração definitivamente
tem que ter garra e esperteza, mas não falo dessa esperteza que todos conhecem, falo da esperteza de sentimentos, daquela que existe guardada na alma em todos os momentos.
Quando se deseja realmente conquistar um coração, é preciso que antes já tenhamos conseguido conquistar o nosso, é preciso que ele já tenha sido explorado nos mínimos detalhes,
que já se tenha conseguido conhecer cada cantinho, entender cada espaço preenchido e aceitar cada espaço vago.
...e então, quando finalmente esse coração for conquistado, quando tivermos nos apoderado dele,
vai existir uma parte de alguém que seguirá conosco.
Uma metade de alguém que será guiada por nós
e o nosso coração passará a bater por conta desse outro coração.
Eles sofrerão altos e baixos sim, mas com certeza haverá instantes, milhares de instantes de alegria.
Baterá descompassado muitas vezes e sabe por que?
Faltará a metade dele que ainda não está junto de nós.
Até que um dia, cansado de estar dividido ao meio, esse coração chamará a sua outra parte e alguém por vontade própria, sem que precisemos roubá-la ou furtá-la nos entregará a metade que faltava.
... e é assim que se rouba um coração, fácil não?
Pois é, nós só precisaremos roubar uma metade,
a outra virá na nossa mão e ficará detectado um roubo então!
E é só por isso que encontramos tantas pessoas pela vida a fora que dizem que nunca mais conseguiram amar alguém... é simples...
é porque elas não possuem mais coração, eles foram roubados, arrancados do seu peito, e somente com um grande amor ela terá um novo coração, afinal de contas, corações são para serem divididos, e com certeza esse grande amor repartirá o dele com você.
Caio F

sábado, 15 de janeiro de 2011

...sentou-se para descansar e em breve fazia de conta que ela era uma mulher azul porque o crepúsculo mais tarde talvez fosse azul, faz de conta que fiava com fios de ouro as sensações, faz de conta que a infância era hoje e prateada de brinquedos, faz de conta que uma veia não se abrira e faz de conta que que dela não estava em silêncio alvíssimo escorrendo sangue escarlate, e que ela não estivesse pálida de morte mas isso fazia de conta que estava mesmo de verdade, precisava no meio do faz de conta falar a verdade de pedra opaca para que contrastasse com o faz de conta verde-cintilante, faz de conta que amava e era amada, faz de conta que não precisava de morrer de saudade, faz de conta que estava deitada na palma transparente da mão de Deus,..., faz de conta que vivia e que não estivesse morrendo pois viver afinal não passava de se aproximar cada vez mais da morte, faz de conta que ela não ficava de braços caídos de perplexidade quando os fios de ouro que fiava se embaraçavam e ela não sabia desfazer o fino fio frio, faz de conta que era sábia bastante para desfazer os nós de corda de marinheiro que lhe atavam os pulsos, faz de conta que tinha um cesto de pérolas só para olhar a cor da lua pois ela era lunar, faz de conta que ela fechasse os olhos e os seres amados surgissem quando abrisse os olhos úmidos de gratidão, faz de conta que tudo o que tinha não era faz de conta, faz de conta que se descontraía o peito e a luz douradíssima e leve a guiava por uma floresta de açudes mudos e de tranqüilas mortalidades, faz de conta que ela não era lunar, faz de conta que ela não estava chorando por dentro...

Clarice Lispector

Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.

Clarice Lispector

...estou procurando, estou procurando. Estou tentando me entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda.

Clarice Lispector

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

"essa seria mais uma estória,a não ser por um sentimento mal,obscuro e mal tratado.Como era jovem pequena,e sempre amou a vida,e vai amá-la mesmo agora,depois de uma partida.Eu disse 'uma partida',e diria que ainda haverá outras tantas,e outras tantas vezes para apaixonar-se de novo,e chorar de novo, e rir novamente.Então,sabe o que a vida tem a lhe dar?Seriamente,nem sei.Mas pense com segurança e nada será tirado.Digo-lhe que a vida é feita para bons e maus momentos os quais guardamos,resmungamos e sentimos..."

Por camila

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Um dia,ele chega.Um dia,tudo que era utopia,se torna realidade.Um dia,menina-vira-mulher.


Claire Mabelle.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Borboletas do estômago.


- Calma, não tô entendendo. Como assim, borboletas no estômago?
- Assim, doutor.

Então abri a bolsa, peguei meu kit-desenho-para-quem-não-sabe-desenhar e esbocei uma borboleta. Depois pintei uma asa de azul com bolinhas vermelhas e a outra de amarelo com bolinhas lilás, como aquelas que eu desenhava aos cinco anos de idade. Mostrei pra ele. Tomei um gole do meu café.

- Elas estão no meu estômago, doutor. Milhares.
- E são assim, coloridas?
- São, exatamente assim. Não entendo muito disso, mas deve ser pra colorir a alma.
- Por acaso, você quer se livrar delas?
- Não, de jeito nenhum. Sinto que elas sempre estiveram aqui, mas só começaram a bater as asas agora.
- E por que me chamou?
- É que eu quero que elas fiquem aqui pra sempre.
- Simples... Continue amando.