Quando seus pés
calçavam as sapatilhas, não sabia mais do seu nome ou de sua plateia. De
olhos fechados e ela era a própria dança - e não mais a dançarina -
quem se entregava diante da música e também do silêncio dos seus
convidados. Quando lua morena despontava no céu, de doce cabana saia
chorosa, com os pés descalços em busca do mar. Era jeito dela de andar
em paz com sua solidão. Quando o sol lhe convidava a despertar, era de
sapato e coração apertados, que saia de casa para conseguir espaço na
própria vida e uma folga das suas dívidas. E de volta pra casa com seu
salto fino nas mãos, via então o seu tamanho e seu lugar diante do
mundo. Ainda que tantas versões de si pudessem escolher as cores, os
preços, os modelos e os tamanhos dos seus sapatos, eram as ocasiões - e
também os acasos - quem definiam seus passos. Era o seu coração quem de
verdade caminhava, até que resolveu parar, cansado da caminhada.
A Ilha de um Home só